O
Livro Tibetano da Morte, ou Bardo Thödol é um texto funerário de origem
muito mais recente que seu correspondente Egípcio e tem
incomparavelmente mais consistência interna e congruência.
Diferentemente do Pert em hru, é um texto bem definido e homogêneo do
qual sabemos o autor e o tempo aproximado de sua origem. Apesar de ser
claramente embasado em material oral muito mais antigo, foi
primeiramente escrito no oitavo século a.D. e é atribuído ao Grande Guru
Padmasambhava. Este lendário mestre espiritual introduziu o Budismo no
Tibet e estabeleceu os fundamentos do Vajrayana, um amálgama dos
ensinamentos Budistas e elementos de uma tradição indígena ancestral
chamada Bon, que havia sido a principal religião do Tibet antes da
chegada de Padmasambhava.
Pouco se conhece com certeza sobre a
religião pré-Budista do Tibet; contudo, uma de suas características
dominantes parecia ser a preocupação com a continuação da vida após a
morte. Ela incluía elaborados rituais que tinham por objetivo assegurar
que a alma da pessoa morta fosse conduzida seguramente para o além.
Animais sacrificados, comidas, bebidas e vários objetos preciosos
acompanhavam o falecido durante a jornada póstuma. Os ritos funerários
eram particularmente elaborados em conexão com a morte de um rei ou um
nobre. Aqui o sacrifício incluía imolação de companhias humanas
selecionadas, as cerimônias envolviam um grande número de sacerdotes e
oficiais da corte e duravam por vários anos. Além de assegurar a
felicidade do falecido no além, também se esperava que esses ritos
tivessem influência benéfica sobre o bem-estar e fertilidade dos vivos.
Aspectos característicos da antiga religião Tibetana original eram o
culto aos deuses locais, especialmente as divindades guerreiras e da
montanha e o uso de estados de transe para atividades oraculares. O Bon
original tinha componentes anímicos e xamânicos significativos. Após a
chegada do Budismo no Tibet, ambos sistemas religiosos coexistiram e
apesar de sua natureza separada, mostraram rica fertilização cruzada.
Nas suas formas extremas, é relativamente fácil de se distinguir o
Budismo genuíno e a religião Bon; contudo, na prática as duas foram tão
intimamente combinadas que nas mentes da maioria das pessoas elas se
fundiram em um único sistema de crenças. Os elementos não-Budistas são
particularmente proeminentes no rito apavorante do sacrifício
premeditado de alguém aos demônios locais, praticado por certos iogues
ascéticos, e no notável Bardo Thödol.
O Bardo Thödol é um guia para a
morte e o morrer, um manual que auxilia quem partiu a reconhecer, com a
ajuda de um lama competente, os vários estágios do estado intermediário
entre a morte e o subseqüente renascimento e a obter liberação. Os
estados de consciência associados com o processo da morte e renascimento
pertencem a uma família maior de estados intermediários ou bardos:
1. O estado bardo natural da existência intra-uterina
2. O Bardo do estado de sonho
3. O Bardo do equilíbrio arrebatado durante meditação profunda
4. O Bardo do momento da morte (Chikhai Bardo)
5. O Bardo das ilusões cármicas que se seguem à morte (Chonyid Bardo)
6. O Bardo do processo inverso, o da existência sansárica enquanto buscando pelo renascimento (Sidpa Bardo).
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http://www.aljardim.com.br/bardo.htm
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