COMO É QUE DESPERTAS?

COMO É QUE DESPERTAS ...!!!

QUEM VOCÊ REALMENTE É !!!

QUEM VOCÊ REALMENTE É !!!

Quem é você realmente -legendado BR from Shunyata on Vimeo.

SEU GURU É SUA META - NISARGADATTA MAHARAJ








Pergunta: Você estava nos dizendo que há muitos pretensos Gurus, mas que um verdadeiro Guru é muito raro. Há muitos gnanis que se imaginam realizados, mas tudo quanto têm é conhecimento livresco e uma alta opinião de si mesmos. Algumas vezes impressionam, inclusive fascinam, atraem discípulos e os fazem perder tempo em práticas inúteis. Depois de alguns anos, quando o discípulo avalia a si mesmo, ele não encontra nenhuma mudança. Quando se queixa ao seu mestre, ele obtém a repreensão habitual de que não tentou com suficiente afinco. Lança-se a culpa na falta de fé e de amor no coração do discípulo quando, na realidade, a culpa é do Guru que não deveria aceitar discípulos nem levantar esperanças. Como proteger-nos de tais Gurus?
M: Por que se preocupar tanto com os outros? Quem quer que seja o Guru, se ele é puro de coração e atua de boa fé, não causará dano a seus discípulos. Se não há progresso, a culpa é do discípulo, de sua preguiça e falta de autocontrole. Por outro lado, se o discípulo é sério e se aplica inteligentemente e com zelo a seu sadhana, ele estará destinado a encontrar um mestre mais qualificado que o fará avançar mais. Sua pergunta flui de três falsas suposições: que deve preocupar-se com os outros; que se pode avaliar alguém e que o progresso do discípulo é tarefa e responsabilidade de seu Guru. Na realidade, o papel do Guru é apenas instruir e encorajar; o discípulo é totalmente responsável por si mesmo.
P: Fala-se que a entrega total ao Guru é suficiente, que o Guru fará o resto.
M: Certamente, quando há entrega total, completa renúncia a todo interesse pelo próprio passado, presente e futuro, pela própria segurança física e espiritual, e a própria posição, uma nova vida amanhece, plena de amor e beleza; o Guru então não é importante porque o discípulo quebrou a carapaça da autodefesa. A completa rendição por si mesma é liberação.
P: Que acontecerá quando o discípulo e seu Guru são inadequados?
M: A longo prazo tudo irá bem. Afinal de contas, o Eu real de ambos não é afetado pela comédia que eles representam durante algum tempo. Eles se tornarão sensatos, amadurecerão, e mudarão para um nível mais alto de relacionamento.
P: Ou, eles podem separar-se.
M: Sim, podem separar-se. Afinal de contas, nenhum relacionamento é para sempre. A dualidade é um estado temporário.
P: Encontrei-o por acidente e por outro acidente nos separaremos para nunca voltar a encontrar-nos? Ou meu encontro com você é parte de algum padrão cósmico, um fragmento no grande drama de nossas vidas?
M: O real é significativo e o significativo está relacionado com a realidade. Se nossa relação é significativa para você e para mim, ela não pode ser acidental. O futuro afeta o presente tanto quando o passado.
P: Como distinguir quem é um verdadeiro santo e quem não é?
M: Você não pode distinguir, a menos que tenha uma clara percepção do coração do homem. As aparências são enganosas. Para ver claramente, sua mente deve ser pura e desapegada. A menos que se conheça bem, como pode conhecer outro? E, quando você se conhece – você é o outro.
Deixe os outros em paz durante algum tempo e examine-se. Há tantas coisas que você não conhece de si mesmo – o que é, quem é, como nasceu, o que faz agora e por que, aonde vai, qual é o significado e o propósito de sua vida, de sua morte, de seu futuro? Você tem um passado; tem um futuro? Como você chegou a viver na inquietude e na aflição, enquanto todo seu ser se esforça por felicidade e paz? Estes são assuntos importantes e devem ser cuidados em primeiro lugar. Você não necessita nem tem o tempo de averiguar quem é um gnani e quem não é.
P: Devo selecionar meu Guru corretamente.
M: Seja o homem certo e, seguramente, o Guru certo o encontrará.
P: Você não está respondendo à minha pergunta. Como encontrar o Guru certo?
M: Mas eu respondi sua pergunta. Não busque um Guru, nem mesmo pense em um. Faça de sua meta o seu Guru. Depois de tudo, o Guru é apenas um meio para um fim, não o próprio fim. Ele não é importante, o importante para você é o que espera dele. Agora, o que você espera?
P: Que sua graça me faça feliz, poderoso e pacífico.
M: Que ambições! Como pode uma pessoa limitada no tempo e no espaço, um mero corpo-mente, um suspiro de dor entre o nascimento e a morte, ser feliz? As próprias condições de seu surgimento tornam impossível a felicidade. A paz, o poder e a felicidade nunca são estados pessoais; ninguém pode dizer ‘minha paz’, ‘meu poder’, porque ‘meu’ implica exclusividade, a qual é frágil e insegura.
P: Só conheço minha existência condicionada; não há nada mais.
M: Certamente, você não pode dizer isto. No sono profundo você não está condicionado. Quão disposto e desejoso está para ir dormir, quão pacífico, livre e feliz você é quando dorme!
P: Não sei nada disso.
M: Coloque isso em termos negativos. Quando você dorme, não tem dor, não está limitado e não está inquieto.
P: Compreendo seu ponto de vista. Enquanto desperto, eu sei que eu sou, mas não sou feliz; no sono eu sou, sou feliz, mas não sei disso. Tudo o que necessito é saber que sou livre e feliz.
M: Assim é. Agora, vá para dentro, para um estado que pode se comparar com o dormir desperto, no qual você é consciente de si mesmo, mas não do mundo. Nesse estado você saberá, sem o menor traço de dúvida, que, na raiz de seu ser, você é livre e feliz. O único problema é que você está viciado na experiência e acalenta suas recordações. Na realidade, é ao contrário; o que é recordado nunca é real, o real é agora.
P: Compreendo intelectualmente tudo isto, mas não se torna parte de mim mesmo. Permanece como uma imagem para ser vista em minha mente. Não é tarefa do Guru dar vida à imagem?
M: De novo, é ao contrário. A imagem está viva; é a mente que está morta. Do mesmo modo que a mente é feita de palavras e imagens, assim é toda a reflexão na mente. A mente encobre a realidade com a verbalização e depois se queixa. Você disse que é necessário um Guru para fazer milagres com você. Só está jogando com palavras. O Guru e o discípulo são uma só coisa, como a vela e a chama. A menos que o discípulo seja sério, não pode ser chamado de discípulo. A menos que um Guru seja todo amor e doação, não pode ser chamado de Guru. Apenas a Realidade engendra realidade, não o falso.
P: Posso ver que sou falso. Quem me fará verdadeiro?
M: As próprias palavras que você disse o farão. A frase: ‘Posso ver que sou falso’ contém tudo o que você necessita para libertar-se. Estude-a, aprofunde-se nela, chegue à sua raiz; isto funcionará. O poder está na palavra, não na pessoa.
P: Não o compreendo totalmente. Por um lado você diz que é necessário um Guru; por outro, que o Guru só pode aconselhar mas o esforço é meu. Por favor, diga-o claramente: alguém pode compreender o Eu sem um Guru, ou o encontro de um verdadeiro Guru é essencial?
M: Mais essencial é o encontro de um verdadeiro discípulo. Acredite em mim, um verdadeiro discípulo é muito raro, pois, de imediato, ele vai além da necessidade de um Guru, ao encontrar seu próprio eu. Não gaste seu tempo tentando entender se o conselho que recebeu fluiu apenas do conhecimento ou de uma experiência válida. Siga-o fielmente. A vida trará a você outro Guru, se outro Guru for necessário. Ou o privará de toda orientação exterior, deixando-o com sua própria luz interior. É muito importante compreender que o que importa é o ensinamento, não a pessoa do Guru. Você recebe uma carta que o faz rir ou chorar; não é o carteiro que fez isso. O Guru só lhe dá as boas novas sobre o Eu real e lhe mostra o caminho de volta para ele. De certo modo o Guru é o mensageiro do Eu. Haverá muitos mensageiros, mas a mensagem é uma só: seja o que você é. Ou pode expressar isto de forma diferente: até que compreenda a si mesmo, você não poderá saber quem é seu verdadeiro Guru. Quando você compreender, descobrirá que todos os Gurus que você teve contribuíram para seu despertar. Sua realização é a prova de que seu Guru era real. Portanto, aceite o Guru como ele é, faça o que ele lhe fala, com seriedade e zelo, e confie em que seu coração o avisará se algo vai mal. Se a dúvida vem, não lute contra ela. Agarre-se ao que é certo e deixe o duvidoso em paz.
P: Eu tenho um Guru e o amo muito. Mas não sei se ele é meu verdadeiro Guru.
M: Observe-se. Se você se vê mudando, crescendo, significa que achou o homem certo. Pode ser que ele seja bonito ou feio, agradável ou desagradável, brando ou insultuoso; nada importa exceto o fato crucial do crescimento interior. Se você não cresceu, bem, pode ser que ele seja seu amigo, mas não seu Guru.
P: Quando eu me encontro com um europeu de certa educação e lhe falo sobre o Guru e seus ensinamentos, sua reação é: ‘Esse homem deve estar louco para ensinar tal disparate’. O que devo falar a ele?
M: Leve-o a si mesmo. Mostre-lhe o pouco que conhece de si mesmo, de que maneira toma as mais absurdas informações sobre si mesmo como verdades santas. Disseram a ele que era o corpo, que nasceu, que morrerá, que tem pais, deveres, que aprendesse a gostar do que os outros gostam e a temer o que os outros temem. Sendo totalmente uma criatura da hereditariedade e da sociedade, vive de recordações e atua mediante hábitos. Ignorante de si mesmo e de seus verdadeiros interesses, persegue falsas metas e sempre fica frustrado. Sua vida e sua morte são dolorosas e sem sentido, e não parece haver saída. Então lhe diga que há uma saída fácil para ele, não a conversão a outro conjunto de ideias, mas a liberação de todas as ideias e padrões de vida. Não fale de Gurus e discípulos – esta forma de pensar não é para ele. O seu caminho é um caminho interior, ele é movido por um impulso interior e guiado por uma luz interior. Convide-o a rebelar-se, e ele responderá. Não trate de inculcar nele que fulano de tal é um homem realizado e pode ser aceito como Guru. Enquanto ele não confiar em si mesmo, não pode confiar em outro. E a confiança virá com a experiência.
P: Que estranho! Não posso imaginar a vida sem um Guru.
M: É uma questão de temperamento. Você também tem razão. Para você, cantar os louvores de Deus é suficiente. Não necessita desejar a realização, nem assumir um sadhana. O nome de Deus é todo o alimento que necessita. Viva nele.
P: Esta constante repetição de umas poucas palavras não é um tipo de loucura?
M: É uma loucura, mas uma loucura deliberada. Toda repetição é tamas, mas repetir o nome de Deus é sattva-tamas devido a seu elevado propósito. Devido à presença de sattva, tamas será desgastado, e tomará a forma de uma completa liberdade da paixão, desapego, abandono, distanciamento, imutabilidade. Tamas se converte no firme fundamento sobre o qual se pode viver uma vida integrada.
P: O imutável – morre?
M: O que morre é o que muda. O imutável nem vive nem morre; ele é a testemunha atemporal da vida e da morte. Você não pode dizer que ele está morto, pois é consciente. Nem se pode dizer que ele está vivo, porque não muda. É simplesmente como seu gravador. Grava, reproduz – tudo por si mesmo. Você só escuta. Similarmente, eu observo tudo que acontece, incluindo minha conversa com você. Não sou eu quem fala, as palavras aparecem em minha mente e então as ouço quando ditas.
P: Não é o caso de todos?
M: Quem disse que não? Mas você insiste que pensa e fala, enquanto para mim há pensamento, há palavra.
P: Há dois casos a considerar. Ou eu encontrei um Guru, ou não. Em cada caso, o que é correto fazer?
M: Você nunca está sem um Guru, porque ele está atemporalmente presente em seu coração. Algumas vezes ele se exterioriza e chega a você como um fator edificante que reforma sua vida, uma mãe, uma esposa, um mestre; ou ele permanece como um impulso interior para a retidão e para a perfeição. Tudo o que você deve fazer é obedecer-lhe, e fazer o que ele lhe diz. O que ele quer que você faça é simples; aprenda a autoconsciência, o autocontrole, a autorrendição. Pode parecer árduo, mas é fácil se você é sério. E impossível se você não é. A seriedade é necessária e suficiente. Tudo se rende à seriedade.
P: O que faz alguém sério?
M: A compaixão é a base da seriedade. Compaixão por si mesmo e pelos outros, nascida do sofrimento próprio e do sofrimento dos outros.
P: Devo sofrer para ser sério?
M: Não é necessário se você é sensível e responde à aflição dos outros, como fez Buda. Mas se você for insensível e impiedoso, seu próprio sofrimento o fará questionar-se inevitavelmente.
P: Encontro-me sofrendo, mas não o bastante. A vida é desagradável, mas tolerável. Meus pequenos prazeres compensam minhas pequenas dores e, no conjunto, estou melhor que a maioria das pessoas que conheço. Sei que minha condição é precária, que uma calamidade pode alcançar-me a qualquer momento. Devo esperar que uma crise me coloque no caminho da verdade?
M: No momento em que viu quão frágil é sua condição, você já está alerta. Agora, mantenha-se atento, preste atenção, pergunte, investigue, descubra seus erros mentais e corporais e abandone-os.
P: De onde vem a energia? Sou como um homem paralisado em uma casa em chamas.
M: Mesmo as pessoas paralisadas às vezes correm em momento de perigo! Mas você não está paralisado, somente imagina assim. Dê o primeiro passo e estará no caminho.
P: Sinto que meu apego ao corpo é tão forte que não posso abandonar a ideia de que sou o corpo. Ela estará aderida a mim enquanto o corpo durar. Há pessoas que afirmam que nenhuma realização é possível enquanto se vive, e estou inclinado a concordar com elas.
M: Antes que você concorde ou discorde, porque não investiga a própria ideia de corpo?  A mente aparece no corpo ou o corpo na mente? Sem dúvida, deve haver uma mente que conceba a ideia ‘Eu sou o corpo’. Um corpo sem uma mente não pode ser ‘meu corpo’. ‘Meu corpo’ está invariavelmente ausente quando a mente está em suspensão. Também está ausente quando a mente está profundamente ocupada em pensamentos e sentimentos. Uma vez que compreenda que o corpo depende da mente, e a mente da consciência, e a consciência da Consciência e não ao contrário, sua pergunta a respeito da espera da autorrealização até o momento da morte está respondida. Não é que primeiro deva se libertar da ideia ‘Eu sou o corpo’ e então realizar o eu. Definitivamente, é o contrário – você se agarra ao falso porque não conhece o verdadeiro. A seriedade, não a perfeição, é a precondição para a autorrealização. As virtudes e o poder vêm com a realização, não antes.




Fonte:  De: “Eu Sou Aquilo” – Conversações com Sri Nisargadatta Maharaj
Fonte: Editora Advaita 








Namastê!



OM...



Lavínia  Harue


SOBRE MEDITAÇÃO E AUTO-INVESTIGAÇÃO - RAMANA MAHARSHI










Pergunta: O que é meditação (Dhyana)?
Bhagavan Ramana Maharshi: É permanecer como seu próprio Ser sem desviar-se de maneira nenhuma de sua natureza real e sem sentir que você está meditando.
Pergunta: Qual é a diferença entre Dhyana e Samadhi?
Ramana: Dhyana é alcançada através de esforço mental deliberado. Em Samadhi não há tal esforço.
Pergunta: Quais são os fatores a serem mantidos em vista na meditação?
Ramana: É importante para aquele que está estabilizado no seu Ser (atmanishtha) observar que ele não se desvie nem um pouquinho de sua absorção. Ao desviar-se de sua natureza real, ele pode ver diante de si refulgências brilhantes, ou escutar sons incomuns, ou considerar como reais visões de Deuses aparecendo dentro e fora de si mesmo. Ele não deveria ser enganado por tais coisas e esquecer de Si.
Pergunta: Não encontro meios de ir para dentro através da meditação.
Ramana: Onde mais estamos agora? Nosso próprio Ser é isso.
Pergunta: Mesmo assim somos ignorantes.
Ramana: Ignorantes do quê e de quem é a ignorância? Se a ignorância é a respeito do Ser existem dois si mesmos (Selfes)?
Pergunta: Não há dois. Mas o sentimento de limitação não pode ser negado.
Ramana: As limitações são apenas da mente. Você as sentia no sono profundo? Você existe no sono profundo. Você não nega a sua existência então. O mesmo Ser está aqui e agora no estado desperto. Você está dizendo agora que há limitações. O que aconteceu agora é que existem diferenças entre os dois estados. As diferenças devem-se à mente. Não há mente no sono profundo, enquanto que agora ela está ativa. O Ser existe na ausência da mente também.
Pergunta: Embora isso seja entendido, não é percebido.
Ramana: Será pouco a pouco, com meditação.
Pergunta: Meditação é com a mente. Como ela pode matar a mente para poder revelar o Ser?
Ramana: Meditação é firmar-se a um pensamento. Aquele único pensamento mantém afastados os outros pensamentos. Distração da mente é um sinal de sua fraqueza. Através de constante meditação ela ganha força, ou seja, a fraqueza dos pensamentos fugitivos dá lugar ao duradouro pano de fundo livre de pensamentos. Essa vastidão desprovida de pensamentos é o Ser. A mente em pureza é o Ser.
Pergunta: Como a meditação deve ser praticada?
Ramana: Verdadeiramente falando, meditação é fixar-se no Ser. Mas quando os pensamentos cruzam a mente e fazemos um esforço para eliminá-los, o esforço geralmente é chamado de meditação. Atmanishtha (estar fixado no Ser) é a sua natureza real. Permaneça como você é.
Esse é o objetivo.
Pergunta: Mas os pensamentos aparecem. Nosso esforço serve apenas para eliminar os pensamentos?
Ramana: Sim. A meditação sendo em um único pensamento, os outros pensamentos são mantidos longe. A meditação apenas é negativa de fato, na medida em que os pensamentos são mantidos afastados.
Pergunta: Fala-se em ‘fixar a mente no Ser’ (atma samstham manah krtva). Mas não é possível pensar no Ser.
Ramana: De qualquer modo, por que você deseja meditar? Porque você deseja meditar, lhe é dito para ‘fixar a mente no Ser’. Por que você não permanece como você é sem meditar? O que é esta mente? Quando todos os pensamentos são eliminados ela se torna ‘fixada no Ser’.
Pergunta: Se uma forma for dada, eu posso meditar nela e os outros pensamentos são eliminados. Mas o Ser é sem forma.
Ramana: A meditação em formas ou objetos concretos é dita ser Dhyana, enquanto que investigação do Ser é Vichara ou a ininterrupta consciência de ser (de existir).
Pergunta: Há mais prazer na meditação do que nos prazeres sensuais. Ainda assim a mente se apressa para obter os prazeres sensuais e não busca a meditação. Por que é assim?
Ramana: Prazer e dor são aspectos da mente apenas. Nossa natureza essencial é a felicidade. Mas nós esquecemos de nós mesmos (do Ser) e imaginamos que o corpo ou a mente são o Ser. É essa identidade errada que gera miséria. O que deve ser feito? Essa tendência mental é muito antiga e tem continuado por inúmeros nascimentos passados. Dessa forma ela tem ficado mais forte. Ela tem de ir antes que a natureza essencial, a felicidade, se afirme.





 




Pergunta: A Meditação é praticada com os olhos abertos ou fechados?
Bhagavan Ramana Maharshi: Pode ser feita de ambos os jeitos. O ponto é que a mente deve estar introvertida e ser mantida ativa na sua busca.
Às vezes acontece que quando os olhos estão fechados, os pensamentos latentes se apressam com grande vigor. Pode ser difícil também introverter a mente com os olhos abertos. Requer força da mente para fazer isso. A mente fica contaminada quando ela absorve objetos.
Quando não, ela é pura. O principal fator na meditação é manter a mente ativa na sua busca sem absorver impressões externas ou pensar em outros assuntos.
Pergunta: Sempre que medito sinto um grande calor na cabeça e, se persisto, meu corpo todo queima. Qual é a solução?
Ramana: Se a concentração é feita com o cérebro, surgem sensações de aquecimento ou mesmo dor de cabeça. A concentração tem que ser feita no Coração, o qual é fresco e refrescante. Relaxe e a sua meditação será fácil. Mantenha sua mente estável gentilmente repelindo todos os pensamentos intrusos mas sem esforço excessivo. Em breve você conseguirá.
Pergunta: Como evito cair no sono enquanto medito?
Ramana: Se você tentar evitar o sono isso significará pensar na meditação, o que deve ser evitado. Mas se você adormecer enquanto estiver meditando, a meditação irá continuar mesmo durante e depois do sono. Ainda assim, sendo o sono um pensamento, devemos nos livrar dele, pois o estado natural final tem de ser obtido conscientemente no estado desperto (jagrat) sem o pensamento perturbado. O sono e o estado desperto são meras imagens na tela do estado nativo livre de pensamentos. Deixe-os passarem desapercebidos.
Pergunta: Sobre o que devemos meditar?
Ramana: No que você preferir.
Pergunta: Shiva, Vishnu e Gayatri são ditos como sendo igualmente eficazes.
Ramana: Qualquer um que você gostar mais. São todos iguais em seu efeito. Mas você deveria se firmar a um.
Pergunta: E como eu medito?
Ramana: Concentre-se naquele que você gosta mais. Se um único pensamento prevalece, todos os outros pensamentos são colocados para fora e finalmente são erradicados. Enquanto a diversidade prevalece há maus pensamentos. Quando apenas o objeto de amor prevalece, os bons pensamentos mantém-se no campo. Portanto, segure-se a um pensamento apenas. Dhyana é a prática principal.
Dhyana significa luta. Assim que você começa a meditação, outros pensamentos se aglomeram. Junte força e tente aprofundar o único pensamento com o qual você tenta se manter. O pensamento bom gradualmente deve ganhar força através de repetida prática. Depois de ter ficado forte os outros pensamentos vão ser mandados para longe. Essa é a batalha real que sempre acontece na meditação.
A pessoa quer livrar-se da miséria. Isso requer paz da mente, que significa ausência de perturbação devida a todos os tipos de pensamentos. A paz da mente é trazida pela meditação apenas.
O resultado final da prática de qualquer tipo de meditação é que o objeto no qual o buscador fixa sua mente deixa de existir enquanto separado e distinto do sujeito. Eles, o sujeito e o objeto, tornam-se o Ser uno, e esse é o Coração.
Pergunta: Por que Sri Bhagavan não nos diz para praticarmos concentração em algum centro particular ou chakra?
Ramana: O Yoga Sastra diz que o sahasrara (o chakra localizado no cérebro) é o lugar do Ser. O Purusha Suka declara que o coração é o lugar dele. Para permitir que o buscador se livre de qualquer dúvida possível, eu lhes digo para trilhar o caminho ou a pista do ‘sentido de eu’ (I’ness) ou o ‘sentido de eu sou’ (I’am-ness) e segui-lo até a sua fonte. Porque, primeiramente, é impossível para alguém levantar qualquer dúvida a respeito dessa noção de ‘eu’. Em segundo lugar, qualquer que seja o meio adotado, o objetivo final é a realização da fonte do ‘sentido de eu sou’ o qual é o dado primário da sua experiência.
Se você praticar portanto a investigação de si, você alcançará o Coração que é o Ser.
Pergunta: Qual é a diferença entre meditação (dhyana) e investigação (vichara)?
Ramana: Ambos dão no mesmo. Aqueles que não se adequam à investigação devem praticar meditação. Na meditação o aspirante, esquecendo a si mesmo, medita ‘eu sou Brahman’ ou ‘eu sou Shiva’ e através desse método se mantém em Brahman ou Shiva. Isso irá terminar finalmente com a consciência residual de Brahman ou Shiva na forma do Ser (da própria existência). Ele irá então perceber que isso é o puro Ser, ou seja, o Si mesmo real.
Aquele que se engaja na investigação começa mantendo-se em si mesmo, e perguntando a si mesmo ‘Quem sou eu?’ o Ser (o Si mesmo real) torna-se claro para ele.
A pessoa imaginar mentalmente que ela é a realidade suprema, que brilha como existência-consciência-contentamento, é meditação. Fixar a mente no Ser para que a semente irreal da ilusão morra, é investigação.
Quem quer que medite sobre o Ser em qualquer imagem mental (bhava) atinge-o apenas naquela imagem. Aquelas pessoas pacíficas que permanecem quietas sem nenhuma imagem mental desse tipo atingem o nobre e inqualificável estado de Kaivalya, o estado sem forma do Ser.
Pergunta: A meditação é mais direta do que a investigação pois mantém-se na verdade enquanto que a investigação filtra a verdade da irrealidade?
Ramana: Para um iniciante a meditação em uma forma é mais fácil e agradável. A prática dela leva à investigação de si que consiste em peneirar a verdade da irrealidade.
Qual é a utilidade de segurar-se na verdade quando você está cheio de fatores antagônicos?
A investigação de si conduz diretamente à Realização ao remover os obstáculos que fazem você pensar que o Ser ainda não está realizado.
A meditação difere de acordo com o grau de desenvolvimento do buscador. Se a pessoa estiver apta, ela deve se manter no pensador, e o pensador irá automaticamente afundar-se na sua fonte, a pura consciência.
Se a pessoa não pode segurar-se diretamente no pensador ela deve meditar em Deus e no devido tempo esse mesmo indivíduo terá se tornado suficientemente puro para se manter no pensador e afundar-se no Ser absoluto.
A meditação é possível apenas se o Ego for mantido.
Existe o ego e o objeto sobre o qual se está meditando. O método é portanto indireto pois o Ser é apenas um.
Buscando o ego, ou seja, a fonte dele, o ego desaparece.
O que sobra é o Ser. Esse é o método direto.





Fonte: Bhagavan Ramana Maharshi em Talks with Ramana Maharshi
Sobre Meditação

















Sri Ramana Maharshi  ensinava que nós já somos o Eu Real, o ilimitado oceano de Ser-Consciência-Beatitude; que a iluminação está sempre presente em todos, agora mesmo, sendo que apenas a nossa ilusão de sermos uma alma individual (jiva), ou um ego, é que obscurece a consciência do nosso verdadeiro estado. Bhagavan apontava, assim, que todo o esforço espiritual é direcionado não para alcançar a Realização - pois esta já está perenemente presente - mas sim para afastar todos os obstáculos à percepção do nosso Ser.

Para Sri Ramana esses obstáculos não são reais ou substanciais, mas sim imaginários, produtos da mente. São meros conceitos, pensamentos. Explicava que todos esses pensamentos provêm de um pensamento raiz, do qual dependem, sendo que tal pensamento central é o ego, ou o que o Maharshi chamava de “pensamento-eu” (aham-vritti). Eliminando-se o ego (ahamkara), toda matriz da ilusão colapsa; o sofrimento e a limitação são banidos da vida irrevogavelmente. Dessa forma, a prática que ele aconselhava era a auto-inquirição, a prática de investigar a natureza e a origem desse pensamento-eu, o que é feito direcionando-se toda a nossa atenção para o sentimento interior “eu sou”, o sentimento não-dual de apenas ser.

A ferramenta por ele criada foi a de utilizar a pergunta “quem sou eu?” ou “de onde eu venho?” para trazer a mente de volta à inquirição toda vez que ela se desviasse rumo aos pensamentos ou percepções sensoriais. Com isso, o ego, que sobrevive apenas na dualidade, fica impedido de se conectar com qualquer outro pensamento ou conceito - tais como “eu sou isso”, “eu sou aquilo”, “eu sou assim, e não daquele jeito”, “eu faço isso”, “eu sei aquilo”, etc. - o que o força a retornar para a sua origem, o Eu Real, que é pura Consciência não-dual. Como alternativa a este caminho, Bhagavan ensinava que a entrega completa a Deus, ao Guru, ou ao Eu Real, também tem o mesmo efeito de extinguir o ego. Todas as outras formas de prática espiritual (sadhana), dizia ele, são indiretas, servindo apenas para o amadurecimento do discípulo e purificação da mente, sendo que ao final o buscador deverá cruzar por uma dessas duas portas (auto-inquirição ou a entrega).

À parte disso, enfatizava a importância de estar na presença de um ser realizado, um Guru ou Jnani, uma vez que a energia e presença de um ser assim têm um grande poder de purificar e silenciar a mente daqueles que estão a sua volta e em sintonia com ele. Porém, também ensinava que para todos está disponível a presença do verdadeiro Guru, o Eu Real, que está brilhando no coração de qualquer um, e pode guiar o caminho daqueles que voltam sua face em busca dele.

Bhagavan sempre enfatizava a necessidade de transcender o ego aqui e agora, e por esse motivo raramente adentrava em discussões metafísicas - tais como reencarnação, outros planos de existência, chakras, criação do universo, etc. - e desencorajava interesses espirituais que não estivessem diretamente ligados à experiência do Eu Real. Entretanto, é possível encontrar algumas discussões a respeito, sendo que mesmo nelas a sua forma direta e intensa de direcionar o buscador à percepção da verdade está sempre presente.

Nunca ninguém foi aconselhado pelo mestre a deixar seu trabalho, família ou vida em sociedade e tornar-se um monge ou renunciante. Sri Ramana sustentava que todos os seres humanos têm um destino a cumprir e que, independentemente do estilo de vida que caiba a cada um, todos podem sempre, onde quer que estejam e quaisquer que sejam suas atribuições, voltar-se para dentro em busca da Paz do Self.

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Seu dever é SER, e não ser isso ou ser aquilo. “Eu sou o que eu sou” resume toda a verdade. O método é “fique em silêncio”. O que significa o silêncio? Significa destrua-se, pois qualquer forma é causa de problemas.

Não há mistério maior que este: que sendo a Realidade nós buscamos alcançar a Realidade. Nós pensamos que existe algo ocultando a Verdade e que isso deve ser destruído a fim de que possamos atingir a Verdade. É ridículo. Chegará o dia em que você vai rir de todos os seus esforços pretéritos. Aquilo que será no dia em que você rir também é aqui e agora.

A liberação, que é bem-aventurança, é natural a todos.

A ignorância é uma ilusão da mente, uma falsa sensação.

Apenas o ego é prisão, e a sua própria natureza,
livre do contágio do ego, é liberação.

Não há engano maior do que acreditar que a liberação,

Que está sempre presente como a sua verdadeira natureza,

será alcançado em um tempo futuro.

Até mesmo o desejo pela liberação é fruto da ilusão.

Portanto, permaneça em silêncio.




Se você permanecer como mera consciência, “eu sou”, a ignorância não existirá. Portanto, a ignorância é falsa; apenas a Consciência é real.

Para a aquietação da mente não há nenhum outro meio mais eficaz do que a auto-inquirição. Através dos outros métodos a mente apenas parecerá ter se aquietado, mas não será extinta; ela surgirá novamente.

Este é o método direto. Todos os outros métodos só podem ser praticados retendo-se o ego, e neles surgem muitas dúvidas, enquanto que a pergunta última é apenas atacada no final. Mas neste método, a pergunta última é a única pergunta e ela é levantada desde o começo.

A auto-inquirição o leva diretamente à Auto-Realização, pois remove os obstáculos que fazem você acreditar que o Eu Real ainda não foi alcançado.

A diferença entre a meditação e a auto-inquirição é que a meditação requer um objeto sobre o qual se foca a atenção, enquanto que na auto-inquirição há apenas o sujeito e nenhum objeto.
Pedir que a mente destrua a mente é como fazer do ladrão o policial: ele irá com você e vai parecer que ele prendeu o ladrão, mas nada será feito. Então o que você precisa fazer é olhar para dentro e ver de onde a mente surge. Uma vez que você vir a Fonte da mente, ela desaparecerá.

O primeiro pensamento a surgir na mente é o pensamento-eu. Todos os outros inumeráveis pensamentos surgem apenas depois do pensamento-eu e têm nele sua origem. Em outras palavras, apenas depois do pronome de primeira pessoa, “eu”, surgir, é que os pronomes de segunda e terceira pessoa, “tu” e “ele”, ocorrem para a mente; estes não subsistem sem aquele.

Como todos os outros pensamentos só podem surgir depois do aparecimento do pensamento-eu, e como a mente nada mais é do que um conglomerado de pensamentos, é apenas [voltando a atenção ao pensamento-eu] através da inquirição “Quem sou eu?” que a mente será extinta. Além disso, o pensamento-eu - implícito na investigação “Quem sou eu?” - destruirá todos os outros pensamentos e, como a vareta usada para avivar a fogueira, no final ele mesmo será consumido.

Você não precisa eliminar nenhum falso “eu”. Como pode o “eu” eliminar a si mesmo? Tudo o que você precisa fazer é encontrar a Fonte do “eu”, e permanecer lá. O seu esforço só pode levá-la até este ponto. A partir daí o Transcendental vai tomar conta de si mesmo. Você não pode fazer mais nada então. Nenhum esforço pode chegar até Ele.

O pensamento-“eu” é como um fantasma que, apesar de ser impalpável, surge simultaneamente com o corpo, vive e desaparece junto com ele. A consciência “eu sou o corpo/este é meu corpo” é o falso eu. Abandone-a. Você pode fazer isso buscando a fonte do sentimento “eu”. O corpo não diz “eu sou”. É você que diz “eu sou o corpo”. Descubra o que é este “eu”; busque sua fonte e ele desaparecerá.










 






Sua Mensagem Divina


Ramana Maharshi  foi um exemplo vivo dos ensinamentos dos Upanishads. Sua vida foi, ao mesmo tempo, uma mensagem e a filosofia dos Seus ensinamentos. Ele falava para o coração das pessoas. O Grande Maharishi encontrou-se a Si mesmo dentro de si mesmo, e deu ao mundo a grande mas simples mensagem da sua grande vida: “Conheça a Ti mesmo”.

“Conheça a Ti mesmo. Tudo além será conhecido por sua própria harmonia. Discirna entre o eterno, imutável, todo inter-penetrante, infinito Atman e o sempre mutante, fenomênico e perecível universo e o corpo. Inquira: ´Quem sou eu?´. Faça a mente calma. Liberte-se a si mesmo de todos os pensamentos outros do que o simples pensamento do Ser ou Atman. Mergulhe profundamente dentro do quarto fechado do seu coração. Encontre-se no real e infinito “EU”. Descanse nele pacificamente para sempre, e se torne idêntico com o Ser Supremo”. Isso é o essencial na filosofia e ensinamentos de Sri Ramana Maharishi.

Sri Ramana dizia: “O mundo é infeliz por causa da sua ignorância do verdadeiro Ser. A verdadeira natureza humana é a felicidade. A felicidade é inata no verdadeiro Ser. A procura da felicidade pelo homem é uma procura inconsciente pelo verdadeiro Ser. O verdadeiro Ser é imperecível; portanto, quando alguém O encontra, encontra a felicidade a qual não tem fim. No interior da cavidade do coração, o Ser Supremo Uno, está sempre emitindo a emanação da auto-consciência “Eu” ... “Eu”. Para realizá-lo, entre dentro do seu coração com um ponto em mente - através da busca interna ou profundo mergulho ou controle da respiração - e permaneça do Ser do ser".




"O destino da alma é determinado segundo seu prarabdha-karma. O que não deve acontecer, não acontecerá, não importa o quanto você deseje. O que deve acontecer, acontecerá, não importa tudo o que você faça para evitar. Quanto a isso, não resta dúvida. Portanto, o melhor caminho é permanecer em silêncio."

"A consciência do corpo é o 'Eu' errado.  Desista desta consciência-corpo. Isto é feito através da busca da fonte do 'Eu'.  O corpo não diz 'Eu sou'.  É você quem diz 'Eu sou o corpo'. Descubra quem é este 'Eu'.  Procurando a sua fonte, ele irá desaparecer.  Seja o que você é.  Não existe nada para ser manifestado.  Tudo o que é necessário é a perda do ego.  A verdade de si mesmo é a única que vale a pena ser buscada e conhecida.  Realização não é nada a ser adquirido. Ela está sempre aí, mas obstruída por uma tela de pensamentos.
Todos os seus esforços devem ser dirigidos para a superação desta tela, e então a realização é revelada.  Realização é simplesmente a perda do ego.  Destrua o ego pela procura da sua identidade.  Uma vez que o ego não é nenhuma entidade, ele automaticamente desaparecerá, e a realidade irá brilhar por si mesma.  Este é o método direto, enquanto todos os outros se concretizam somente através da retenção do ego"



Ramana Maharshi


 












Auto investigação – Ramana Maharshi

  

O pensamento-eu é a fonte de todos os pensamentos.
A mente só vai se dissolver através da auto investigação “Quem sou eu?”. O pensamento “Quem sou eu?” destruirá todos os outros pensamentos e depois destruirá a si mesmo também. Se outros pensamentos surgirem, devemos perguntar a quem esses pensamentos ocorrem, sem tentar completá-los.
Que importa quantos pensamentos surgem? Na medida em que cada pensamento surgir, devemos estar vigilantes e perguntar para quem ele ocorre. A resposta será “para mim”. Se você perguntar “quem sou eu?”, a mente então voltará à sua Fonte.

O pensamento que surgiu também desaparecerá. À medida que você praticar dessa forma mais e mais, o poder da mente de permanecer em sua Fonte aumentará.
Embora os apegos sensoriais, antigos e imemoriais, possam surgir sob forma de incontáveis tendências mentais, assim como as ondas surgem no mar, todos eles serão destruídos na medida em que a meditação avançar. Devemos nos agarrar sem cessar à meditação do Ser, sem duvidar da possibilidade de erradicar todas essas tendências e de só o Ser permanecer. Por mais pecadora que uma pessoa possa ser, se ela parar de se lamentar ” Ai de mim que sou um pecador! Como posso eu alcançar a libertação?” e, abandonando até mesmo o pensamento de que é pecadora, se dedicar zelosamente à auto inquirição, ela com certeza realizará o Ser (Atman).
Se o ego estiver presente, tudo o mais também existirá. Se estiver ausente, tudo o mais desaparecerá. Como o ego é tudo isso, investigar a sua natureza é a única forma de abandonar todo apego. Controlando a fala e a respiração, e mergulhando fundo em nós mesmos, como alguém que mergulha na água para recuperar algo que nela caiu, devemos, por meio de um insight aguçado, descobrir a fonte de onde surge o ego.

A investigação, que é o caminho da Sabedoria, não consiste em repetir verbalmente “eu, eu”, mas em buscar, por meio de uma mente profundamente interiorizada, de onde o “eu” surge. Pensar “Eu não sou isso”, “Eu sou aquilo” pode ajudar, mas não constitui a inquirição em si.

Quando questionamos dentro da nossa mente “Quem sou eu?” e chegamos ao Coração, o “eu” sucumbe e imediatamente outra entidade se revela proclamando “Eu-Eu”. Muito embora ela também surja dizendo “eu”, não se trata mais do ego, mas sim da Existência Única, perfeita.

Se investigarmos incessantemente a forma da mente, descobriremos que não existe algo chamado “mente”. Este é o caminho direto aberto a todos.
A mente é constituída apenas de pensamentos, e para todos eles a base ou fonte é o pensamento-”eu”. O “eu” é a mente. Se nos voltarmos para dentro perguntando pela Fonte do “eu”, o “eu” sucumbe. Esta é a investigação da Sabedoria. Onde o “eu” se dissolve, outra entidade emerge como “Eu-Eu” por conta própria: é o Ser Perfeito.

É inútil remover as dúvidas. Se esclarecermos uma, outra surgirá e não haverá fim para elas. Todas as dúvidas cessarão apenas quando quem duvida e sua Fonte forem encontrados. Procure a Fonte do responsável pela dúvida e você descobrirá que ele na realidade não existe. Se o questionador cessar, as dúvidas também cessarão.
Como a Realidade é você mesmo, não há nada a realizar. Todos tomam o irreal por real. É preciso que você desista de tomar o irreal por real.

A finalidade de toda meditação ou repetição de mantras é apenas isso – abrir mão de todos os pensamentos referentes ao não Eu; é desistir de todos os pensamentos e concentrar-se num só. O objetivo de toda prática é fazer com que a mente fique unifocada, concentrando-a num só pensamento e assim excluindo os demais. Fazendo isso, no final até mesmo esse pensamento único irá embora e a mente se extinguirá em sua fonte.
Quando inquirimos “Quem sou eu?”, o “eu” investigado é o ego. Também é esse “eu” quem faz a autoinvestigação. O Ser não tem inquirição. É o ego que faz a investigação. O “eu” sobre o qual a investigação é feita também é ego. Como resultado da investigação, o ego deixa de existir e descobrimos que somente o Eu Real existe.

Qual a melhor maneira de se aniquilar o ego? Para cada um o melhor caminho é aquele que parece mais fácil ou que tem maior apelo. Todos os caminhos são igualmente bons, na medida em que conduzem ao mesmo objetivo: dissolver o ego no Eu Real. O que o devoto chama de entrega, aquele que faz investigação chama de Sabedoria. Ambos estão tentando levar o ego de volta à Fonte da qual ele surgiu e fazê-lo ser absorvido por ela. Pedir que a mente mate a si mesma é como fazer do ladrão um policial. Ele irá com você e fingirá prender o ladrão, mas nada será ganho. Portanto, volte-se para dentro, veja de onde surge a mente e ela deixará de existir.

A respiração e a mente surgem da mesma fonte e quando uma delas é controlada, a outra também fica controlada.
De fato, no método investigativo – no qual, aliás, a pergunta “De onde eu vim?” seria mais correta do que “Quem sou eu?” – não estamos simplesmente tentando eliminar, dizendo “não sou o corpo, nem os sentidos” e assim por diante, visando alcançar a realidade última, mas sim estamos procurando descobrir onde surge o pensamento-”eu” ou ego dentro de nós. O método contém em si – de forma implícita – a observação da respiração.

Quando observamos de onde o pensamento-eu surge, estamos observando também a fonte da respiração, já que tanto o pensamento-”eu”quanto a respiração provêm da mesma Fonte.

O controle da respiração pode servir como uma ajuda, mas por si mesmo nunca pode levar ao objetivo. Enquanto você o pratica mecanicamente, procure manter a mente alerta, lembrando do pensamento-eu e da busca pela sua Fonte. Então você descobrirá que o pensamento-eu surge do lugar no qual a respiração desaparece. Eles desaparecem e emergem juntos. O pensamento-”eu” também submergirá junto com a respiração. Simultaneamente, um outro “Eu-Eu”- luminoso e infinito – emergirá, e será constante e inquebrantável.

Este é o objetivo, o qual recebe diferentes nomes: Deus, Eu Real, Kundalini , Shakti, Consciência, etc.
“Quem sou eu?” não é um mantra. Significa que você deve descobrir onde em você surge o pensamento-”eu”, que é a fonte de todos os outros pensamentos. Mas se você achar que o caminho da investigação é difícil demais, continue a repetir “eu-eu”, e isso o levará ao mesmo objetivo. Não há nenhum mal em usar o “eu” como um mantra. Trata-se do primeiro nome de Deus, Eu Sou.
Peço que veja onde o “eu” surge em seu corpo; mas realmente não é muito correto dizer que o “eu” surge e dissolve-se no Coração no lado direito do peito. O Coração é outro nome para a Realidade e não está nem dentro nem fora do corpo. Não pode haver nenhum dentro e fora para Ela, já que a Realidade apenas é. Por “Coração” não me refiro a nenhum órgão fisiológico, nenhum plexo de nervos ou qualquer coisa do gênero.

Mas enquanto a pessoa se identificar com o corpo e pensar ser o corpo, ela é aconselhada a ver no corpo onde o pensamento-”eu” surge e volta a se dissolver. Deve ser no Coração, no lado direito do peito. Todo homem de qualquer raça, língua ou religião, quando diz “eu”, aponta para o lado direito do peito para referir-se a si mesmo. Isso é verdadeiro em todo o mundo. Portanto, esse deve ser o lugar. E observando-se de forma perspicaz o constante surgimento do pensamento-”eu” no estado de vigília e de seu desaparecimento no sono, podemos ver que surge no Coração no lado direito.
Saiba primeiro quem você é. Isso não requer escrituras ou erudição. É simplesmente experiência. O estado de Ser está aqui e agora o tempo todo. Você perdeu contato consigo mesmo e está pedindo orientação aos outros. O propósito da espiritualidade é voltar a mente para dentro. Se você conhecer a si mesmo, nenhum mal poderá lhe acontecer. Como você me perguntou, eu estou lhe dizendo. O ego só surge agarrando-se a você.

Permaneça no Eu Real e o ego desaparecerá.

Até este momento o sábio estará feliz dizendo: “Eis aí”, e o ignorante perguntando: “Onde?”.
A regulação da vida, tal como levantar-se em uma hora determinada, tomar banho, praticar repetição de mantras, etc., tudo isso é para quem não se sente atraído pela auto investigação ou não é capaz de fazê-la. Mas para aqueles que podem praticar esse método, todas as regras e disciplinas são desnecessárias. Sem dúvida é dito em alguns livros que devemos cultivar uma virtude após outra e assim nos prepararmos para a Libertação; mas para os que seguem o caminho da Sabedoria ou da investigação, sua meditação é por si só suficiente para adquirir todas as qualidades divinas.





Fonte: Sri Ramana Maharshi em Pérolas de Sabedoria: Vida e Ensinamentos






















Namastê!




OM...




Lavínia  Harue





MEDITAÇÃO - A VIAGEM INTERNA - REALIDADE ESPIRITUAL

MEDITAÇÃO - A VIAGEM INTERNA - REALIDADE ESPIRITUAL

O SILÊNCIO DE SER ....









POR UM MOMENTO, DEIXA TUDO E MERGULHA EM TI PRÓPRIO....











QUEM É VOCÊ REALMENTE... !!!









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